quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O Prego e o Martelo

O PREGO E O MARTELO
Um prego e um martelo jaziam lado a lado, a cerca de uns cem metros de uma hidrelétrica em construção.
Quase ao mesmo tempo, perceberam uma inscrição nítida e tosca numa parede e que dizia:
Quando Você for martelo, não se esqueça de que já foi prego!...

O Martelo leu, não disse nada e continuou em sua inércia. O prego, no entanto, deu a maior importância à mensagem e principiou a refletir na dura missão dele, prego, que implantado a duras marteladas bem aplicadas em sua cabeça penetraria, lenta e sofridamente, no madeiramento até desaparecer quase por completo, quando então ficaria sustentando toda uma armação pesadíssima de caibros e tábuas, no mais completo anonimato.
E, ai dele se apresentasse qualquer folga, por mínima que fosse, porque prontamente alguém perceberia e novas e contundentes marteladas o recolocariam no seu humilde e devido lugar.
Ah! Martelo, disse o Prego, depois de relatar seu pensamento; não queira nunca ser prego.
O Martelo refletiu por dois segundos e respondeu:
Meu amigo; não pense que eu já nasci martelo. Não meu caro, eu já fui minério como você foi, passei por uma fundição, fui um valoroso prego na construção da usina de Tucuruí; sustentei orgulhosamente as tábuas que escoraram trechos das barragens de cimento e aço; depois fui rejeito, quase lixo; fui colhido e levado para Brasília onde fixei tábuas de barracos de úteis candangos (pregos humanos); tempos depois, virei lixo mesmo e fui catado por catadores de lixo, selecionado e remetido a uma fundição de reciclagem, quando então, junto com outros pregos, virei uma massa amorfa e posteriormente tomei a forma atual de martelo.
Sou martelo mas sei que formamos um par na lida; par sumamente importante e indissolúvel pois todo trabalho é digno, toda função é importante e, nem um de nós atua ou é útil sem o outro.
De que vale o prego sem o martelo?... Qual é a utilidade do martelo sem o prego?
Assim também, nós, seres humanos, deveríamos sempre refletir na interdependência que existe entre nós e no quão importante é, que saibamos ver a importância de nosso próximo e a nossa própria sem exagerarmos ou desmerecermos uma ou outra sem razão.
A escada por onde se sobe é a mesma por onde se desce.
Rilmar J. Gomes

Um comentário:

  1. Olá Rilmar, cheguei até suas páginas através do blog Abaribó, e gostei bastante, não somente pelo que li, mas pela sua história de vida e forma com que presenteia Ipameri (por mim desconhecida até então); estarei lhe acompanhando.

    Forte abraço, Marco

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