quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Nos Caminhos do Trem

É incrível mas olhar para esses trilhos aí, com seus dormentes talvez um pouco carcomidos,
com aqueles grandes pregos (cravos?) que eram pregados com grandes marretas pelos tralhadores da ferrovia. Evoca lembranças mil. Andei muito, a pé, aproveitando o caminho do trem para ir margeando o ribeirão até chegar em algum trieiro que me levasse diretamente ao trecho do vai-vem onde eu queria ir pescar. Nessas curvas cheias de brita a gente tinha que ir pisando nos dormentes e, para isso, acertar o passo para que os pés, muitas vezes descalços, coincidissem em pisar exatamente na madeira e não sofrer com a pisada dolorosa nas britas. Nessa curva fechada, as rodas de ferro rangiam em estridentes ruídos quando o trem passava fazendo quarenta ou mais quilômertros por hora. Se o trem coincidise com nossa caminhada, tínhamos que nos afastar entrando nesse matinho da beirada dos trilhos, morrendo de medo de alguma cobra, e aguardar até que a estrada nos fosse devolvida para continuarmos em busca de nossa pescaria. Saudades muitas. Ao voltar da pescaria, já era noite, e quando alcançávamos- novamente a estrada de ferro, nos sentíamos seguros e salvos, ainda mais se houvesse passado algum trem de carga recentemente pois isso nos dava a garantia de que as -temidas cobras teriam sido espantadas e, mesmo no escuro a caminhada de volta era -segura, podíamos andar despreocupados.Perigo, agora, eram só alguns cachorros pertencentes a um ou outro morador da beira da linha. Ainda assim, saudades!...

sábado, 7 de setembro de 2013

Parece que a arte tenta retratar o real

Parece que a arte tenta retratar o real,
- quando, na verdade, o que está retratado aí é a manifestação artística, as sensações, as lembranças, o condão que refaz o passado emocional e nos possibilita o ressentir. Nesse ressentir somos levados de volta a momentos de intensa religiosidade quando nossos anseios, nossos medos, nossa instabilidade no, então, presente e a insegurança em relação ao futuro; tudo podia ser conversado aí dentro, nesse ambiente mágico, sacrossanto, celestial. O silêncio, o efeito luminoso dos vitrais, os santos atenciosos, pacientes e calados; e eu ali confidenciando, rogando, prometendo e, ao final, erguendo-me da genuflexão cheio de esperanças e sentindo uma leveza que só a fé, que hoje já não é tanta, podia me proporcionar.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A Lua ali nascendo

A Lua ali nascendo, tão imensa, tão nítida, tão concreta;


dá-nos a certeza de poder, com um passo, alcançá-la. Sugere algum receio de que possa cair do céu; dá-nos a certeza de quão infinitamente pequeninos somos. Compõe, no entanto, com seu reflexo na água, com o tom azulado das coisas, com o contraste amarelado das luzes dos postes e das janelas dessa choupana mágica posta no alto, incrustada na árvore; um cenário de tanta beleza que ao invés de temor; é um enlevo doce, sutil, suave, inebriante o que nos envolve. - O que a imagem retrata ,não é só beleza. Eterniza um momento em que o criador concede à nossa alma a percepção do lado mágico dessa hecatombe de energias e matéria que é o universo.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Minha rua era tão singela

Minha rua era tão singela, tão simples a minha casa que,

por mais que esmiúcem e detalhem Ipameri não as encontrarão. Ainda assim, teimo em ser dono de cada uma dessas coisas, das quais meu coração, minhas lembranças estão para sempre impregnados. A torre esguia da igreja , que parece tocar o céu, os jardins floridos maravilhosos, essa lua cuidadosa que ilumina somente o pedaço de céu que lhe está próximo para obter o contraste entre o prateado da luz e o negro quase absoluto da escuridão; o por de sol que projeta a silhueta de palmeiras; o nosso sempre lembrado Jóquei Clube e o relógio da matriz que, sem que percebêssemos, marcava o tempo de cada um de nós: o de chegar, o de ficar e o de um dia partir cheios de lembranças e eternas saudades de um tempo, um lugar e de tudo que aí deixamos