Solidão
Rilmar (1989)
Num cais
distante perdido,
No ocaso da
existência,
Sou aquele
barco triste
Que ali jaz
ignorado e só,
Na penumbra
morta do fim de tarde.
Na imobilidade
da água quieta.
A
introspecção isola,
A inércia
perpetua a distância,
O silêncio
eterniza o tédio;
A solidão
cresce como uma sombra,
Lentamente apagando o lume da alma
Ninguém:
Nem
pássaros,
Nem gente,
Nem os
fantasmas;
Nada altera
esse estado de só.
O lume é
agora apenas uma pequena chama,
Imersa numa
densa e imensa bruma.
Mas, ainda há uma chama.
Há ainda uma
percepção que refere
Doçura pouca
e sutilíssima
No
isolamento, no silencio, na paz dessa quietude.
Deixai assim
ficar o barco,
Que não o
perturbe sequer,
Um olhar
triste
Ou a onda
provocada
Por uma
lágrima vertida
E que ao
cair estremeça
A quietude
da água.
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Se cada canção é um lamento, o que dizer desse poema. Apenas uma contemplação: Linda forma de expressar o sentimento. Seria a dor que deveras sente? Mas alguém com dor conseguiria escolher as mais belas metáforas e vocábulos para entoar o universo interior? O poeta é um fingidor que finge a dor que deveras sente? Só o poeta tem a chave para descriptografar esse enigma.
ResponderExcluirHá um poeta nascendo ou se descobrindo?
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