Uma vaquinha mimosa,
Boa a não mais poder,
Pastava tranquilamente,
Deixando o tempo correr.
Bois e bezerros olhavam
A vaquinha, embevecidos,
Que tranqüila balançava
A cauda em dois sentidos.
Diz-lhe um bezerro afoito:
Quem me dera que agora
Fosse eu grande e bonito,
Para namorar com a senhora.
Ai meu Deus, como é bacana
Quando passa para o curral!
Pula o coração cá dentro
Tremo todo, sinto mal.
Ela, boa consciente,
Olha com certo desdém
Murmura, talvez, consigo:
Frangote, nem vem que não tem.
De certa feita um boi,
O galã da região,
Criou coragem e falou-lhe
Todo cheio de emoção
Dizia ele: –Vaquinha,
De quem esses olhos são?
- Estes olhos são daquele
Que me tem o coração.
- E essa boca bonita
Que morde, masca e rumina?
- Esta boca já pertence
Ao galã desta campina
- E o seu corpo malhado
Posso com ele sonhar?
- Se já tens meu coração,
A quem o corpo hei de dar?
O boi cheio de emoção
Para perto dela chegou;
Deu-lhe um cheiro temeroso,
Mas ela não se zangou.
Aí, bem mais animado,
Quis ela toda cheirar,
Cheira que cheira, ai meu Deus!
Caiu duro no lugar
Fica o boi ali caído
E a vaquinha novamente
Vai balançando o rabinho
Encantando a toda a gente.
Rilmar José Gomes (1969?)
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