sábado, 16 de janeiro de 2010

MIMOSA - ONDE A VACA VAI O BOI VAI ATRÁS

Uma vaquinha mimosa,
Boa a não mais poder,
Pastava tranquilamente,
Deixando o tempo correr.

Bois e bezerros olhavam
A vaquinha, embevecidos,
Que tranqüila balançava
A cauda em dois sentidos.

Diz-lhe um bezerro afoito:
Quem me dera que agora
Fosse eu grande e bonito,
Para namorar com a senhora.

Ai meu Deus, como é bacana
Quando passa para o curral!
Pula o coração cá dentro
Tremo todo, sinto mal.

Ela, boa consciente,
Olha com certo desdém
Murmura, talvez, consigo:
Frangote, nem vem que não tem.

De certa feita um boi,
O galã da região,
Criou coragem e falou-lhe
Todo cheio de emoção

Dizia ele: –Vaquinha,
De quem esses olhos são?
- Estes olhos são daquele
Que me tem o coração.

- E essa boca bonita
Que morde, masca e rumina?
- Esta boca já pertence
Ao galã desta campina

- E o seu corpo malhado
Posso com ele sonhar?
- Se já tens meu coração,
A quem o corpo hei de dar?

O boi cheio de emoção
Para perto dela chegou;
Deu-lhe um cheiro temeroso,
Mas ela não se zangou.

Aí, bem mais animado,
Quis ela toda cheirar,
Cheira que cheira, ai meu Deus!
Caiu duro no lugar

Fica o boi ali caído
E a vaquinha novamente
Vai balançando o rabinho
Encantando a toda a gente.

Rilmar José Gomes (1969?)

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