Rilmar
Nossa
Senhora na beira do rio.
Lavava os
paninhos de seu bento fio...
Eu bem
quisera escrever em trovas, mas não as consigo criar dignas destas memórias...
E falo a
você, Mãe, com a firme lembrança da sua imagem naquelas tardes ensolaradas quando
você, que durante toda a semana lecionara o dia todo e parte da noite para
alunos de ambos os sexos, de todas idades, das mais variadas classes sociais e
de comportamentos os mais diversos e imprevisíveis; mas que a sua paciência
imensa, o seu amor ilimitado, a sua alegria que se espargia e contagiava a
todos; envolviam, compreendiam, harmonizavam, disciplinavam e conseguiam
conduzi-los paulatinamente em direção à luz do saber.
Naquelas tardes
ensolaradas você, inesgotável e bela, ainda tinha missões para o fim de semana.
Como a vejo
nítida destacando-se nestas imagens que me vêm à mente.
Seu português tão
correto, sua letra de lindíssimo talhe, suas frases tão plenas de saber, de
compreensão, de poesia, elegantes e delicadas. E as inesquecíveis lições de
humildade que nos dava, indo, ao final da semana, alegremente até, levando-nos
para o córrego como se fôssemos passear, quando, na verdade, você ia era lavar
a imensa trouxa de roupas que as nove pessoas da casa usaram durante a semana.
E a
lembrança me traz você como aquela Nossa Senhora da cantiga de ninar:
Nossa
Senhora na beira do rio.
Lavava os
paninhos do seu bento fio.
Ela lavava,
José estendia.
O menino
chorava com o frio que fazia...
Era você
lavando, contando casos repletos de interesses para nós que deitados na água
morna do pequeno regato mantínhamos os olhos e os ouvidos ligados nos seus
gestos e em cada palavra sua no desenrolar da narrativa
Nítida e
iluminada como uma santa, saudosa e amada como as mães podem ser, eis como
minhas lembranças a retratam.
Fim de dia.
Recolhidas as roupas e refeita a trouxa, lá ia você com a imensa mala de roupas
e a fila de filhos a acompanhá-la de volta ao lar.
Mais que a
professora, maior que a diretora, grande como uma luminosa divindade; tranquila,
afagando um ou outro, sorrindo no seu grandioso papel de Mãe!...
Maria como a
mãe do menino Deus, bendita mulher que veio ao mundo para dar amor e espalhar
luz e saber.
Hei de sempre lembrá-la com seu amável sorriso a semear virtudes,
tolerância e amor.
Muito obrigado
minha mãe, minha amiga, meu fanal.
Muito obrigado por ter deixado em mim essas
lembranças que me envaidecem demais e me ensinam muito o respeito de humildade
e altruísmo.
10-05-1979
Rilmar José
Gomes
Amei cada palavra que li.
ResponderExcluirMinha Mãe era uma prece a quem Deus me confiou. Era encanto e poesia com a qual tive a graça imensa de conviver. Meu amor primeiro, minha saudade eterna, minha inspiração maior.
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