sábado, 9 de dezembro de 2017

Silencios


Silêncios


Muitos são os silêncios, variadas suas intensidades. Há silêncios tão plenos que só coexistem com o ermo absoluto
Talvez, o mais silente silêncio venha do mais profundo de nós.
A madrugada era de tanta nostalgia, tanta solidão, tão grande abandono, que se produziu na alma e em cada ínfima molécula do ser um silêncio. Tão grande era o silêncio, que a noite não resistiu e foi embora, e o dia não veio, e os pássaros da manhã não cantaram, o vento soprou leve e silenciosamente, as nuvens passearam no céu sutis e imperceptíveis no seu mudo modo de ser. Nada no mundo ecoava, nem mesmo a brisa emitia o mais leve som.
Era o silêncio do recolhimento de alma. Do isolar em si mesmo. Da não busca. Do estar tão quieto que nem mesmo o pensamento ousava voos ou sonhos. Até a mente quedou numa quietude tão grande que confundia o inexistir e o caos.
Solidão, tristeza, nostalgia e essa mudez do silêncio.
A noite partiu... o dia não veio. Ninguém veio. Nem um olhar, nem perfumes, nem o cheiro que eu, sem perceber, amava tanto. Nem os sons mais sutis, os maravilhosos sorrisos, ou sua capacidade de dar vida à vida.
Nada veio resgatar minha alma, buscar a noite de volta, repor os sons do meu universo, animar e anunciar a chegada do dia.
Sem noite, sem dia, sem sons de alegria, nem chama que aquece; percebemos que, sem sensibilidade d’alma, não se tem noite, não há dia, nem universo. Há apenas um mortal silêncio no lugar de cada coisa.

31\10\2017 - rilmar

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